Epidemiologia da Neuralgia Trigeminal em adultos da cidade de Uberlândia, considerando o ramo do nervo e o tratamento mais indicado

Autores

  • Cynthia Moreira Miranda Universidade Federal de Uberlândia
  • Fabio Franceschini Mitri Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.61217/rcromg.v22.411

Palavras-chave:

neuralgia trigeminal, epidemiologia, tratamento

Resumo

Introdução: A neuralgia trigeminal (NT) é uma patologia com aspectos patognomônicos, incluindo caracterizada por episódios de dores paroxísticas e lancinantes, semelhantes a choque elétrico, debilitante, desencadeadas pelo toque na área da pele da face da terminação nervosa do nervo, denominada zona de gatilho. As dores são intensas e de curta duração, com intervalos variáveis. O diagnóstico é eminentemente clínico e o seu tratamento pode ser complexo. A NT pode ser idiopática ou provocada por alterações anatômicas que possam provocar compressão em um ramo do nervo trigêmeo, levando à desmielinizarão focal da bainha do nervo, a qual através de aposição axonal gera impulsos espontâneos nas fibras adjacentes (Love; Coakham, 2001). Objetivo: Verificar a incidência da neuralgia trigeminal nos pacientes adultos Programa de Cuidados Específicos às Doenças Estomatológicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), relacionando idade, gênero, ramo do nervo trigêmeo e forma de tratamento. Metodologia: Foram observados duzentos prontuários de pacientes adultos do Programa de Cuidados Específicos às Doenças Estomatológicas da UFU. A frequência de cada variável, tais quais o ramo do nervo trigêmeo afetado, idade e sexo do paciente, lado da face e o tratamento, foi avaliada por meio de análise estatística, teste Qui-Quadrado. A pesquisa foi conduzida de acordo com o protocolo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP-UFU), sob o registro 2.844.148. Resultados e discussão: Os resultados revelaram que da amostra total de 200 pacientes, 20 apresentaram diagnóstico de NT (10%), sendo 14 mulheres (70%) e 6 homens (30%), 7 sendo o ramo mandibular afetado (35%), 12 para o ramo maxilar (60%) e 1 para o ramo oftálmico (5%). O lado direito foi o mais acometido, 14 casos (70%), em relação ao esquerdo, 6 (30%), fato coincidente na literatura (Di Stefano et al., 2018). Dos pacientes diagnosticados com NT, apenas 1 apresentou idade inferior aos 40 anos, sendo 38 anos, o vem de acordo à literatura que aponta maior incidência desta neuropatia em mulheres a partir dos 40 anos de idade (Quesada et al., 2005). O teste Qui-quadrado não apresentou correlação entre a idade (P = 0,215) e o sexo (P = 0,255) com a NT. O tratamento mais utilizado foi o medicamentoso, sendo a carbamazepina mais prevalente (75%), seguida da gabapentina (15%), citoneurim (10%) e capsaicina (10%). Esses resultados acordam com a literatura que aponta a carbamazepina ou a oxicarbamazepina como drogas de primeira excolha para o tratamento da NT (Bendtsen et al., 2020). O tratamento com a laserterapia também foi apresentado por 10% dos pacientes estudados. Conclusão: Baseado em nossos resultados, concluímos que a neuralgia trigeminal é mais prevalente em mulheres acima a partir da quarta década de vida, unilateral, sendo o ramo maxilar mais afetado no lado direito. O tratamento medicamentoso é o mais prevalente, sendo a carbamazepina a droga de primeira escolha podendo ou não ser associada à laserterapia. Esses aspectos trona-se uma ferramenta clínica de auxílio ao profissional da saúde para elaborar protocolo de abordagem ao paciente com neuralgia trigeminal, sendo o conhecimento sobre a anatomia do nervo e a patologia dessa neuropatia essencial para a abordagem inicial, diagnóstico e tratamento.

Biografia do Autor

Fabio Franceschini Mitri, Universidade Federal de Uberlândia

Graduado em Odontologia pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC/SP - 1999), Especialista em Anatomia Cirúrgica (Topográfica) da Face (USP - 2001), Mestre em Ciências Morfofuncionais (USP - 2004), área de concentração em implantologia, e Doutor em Ciências Médicas (Faculdade de Medicina, UFF - 2013), área de concentração em biomateriais, biomineralização e biologia do tecido ósseo. Atuou como Professor Substituto da Disciplina de Anatomia Humana da Universidade Federal de Uberlândia (UFU - 2004 a 2006) e Professor Efetivo da Disciplina de Anatomia Humana do Departamento de Morfologia da Universidade Federal Fluminense (UFF - Jun/2006 a Nov/2009). Professor Associado do Departamento de Anatomia Humana do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU - desde Nov/2009). Coordenador do PROCEDE (Programa de Cuidados Específicos às Doenças Estomatológicas; de 2017 a 2021) da FOUFU. Habilitado em Harmonização Orofacial (ABO/GO - 2016); Experiência em Pronto Atendimento Emergencial e Odontologia Hospitalar (PSO, HO, FOUFU, 2010 a 2018). Experiência na área de Anatomia Cirúrgica da Face, Harmonização Orofacial, Nanobiotecnologia, Nanomedicina, Implantologia, Biologia do Tecido Ósseo, Nanobiomateriais. Membro do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da UFU (CEP/UFU). Membro de corpo editorial de revistas científicas nacionais e estrangeiras.

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Publicado

2024-01-25

Como Citar

Moreira Miranda, C., & Franceschini Mitri, F. (2024). Epidemiologia da Neuralgia Trigeminal em adultos da cidade de Uberlândia, considerando o ramo do nervo e o tratamento mais indicado. REVISTA DO CROMG, 22(Supl.2). https://doi.org/10.61217/rcromg.v22.411