Uso de cimento biocerâmico para tratamento de perfuração radicular

relato de caso

Autores

  • Monira Kansaon Tarabai UNA BH(Campus Aimorés) / Acadêmica
  • Vinicius Alves SLmandic BH / Especialista
  • Camila Grasielle de Sá Azevedo Professora Adjunta do Departamento de Odontologia/Cidade Universitária UNA-BH (Campus Aimorés
  • Simone Angélica de Faria Amormino Carvalho Professora Adjunta do Departamento de Odontologia/Cidade Universitária UNA-BH (Campus Aimorés
  • Graziele Duarte Coordenadora e Professora da Especialização de Endodontia/ SLMandic-BH
  • Fernanda Hecksher de Andrade Coordenadora e professora da Especialização de endodontia da Faculdade São Leopoldo Mandic

DOI:

https://doi.org/10.61217/rcromg.v23.664

Palavras-chave:

endodontia, vedamento e bioatividade, pulpite sintomática irreversível aguda

Resumo

Introdução: O uso de biocerânicos na odontologia, especialmente para a perfuração radicular, tem se tornado cada vez mais comum, devido às suas propriedades benéficas: biocompatibilidade, estabilidade dimensional, propriedades antimicrobianas, propriedades de vedamento e bioatividade. Dentes com restaurações antigas e extensas em amálgama, tem a tendência de maior acumulo de dentina terciaria, devido ao estresse causado durante as forças mastigatórias. Desta forma fissuras encontradas durante a inspeção com a sonda de ponta reta, muitas vezes sugestiona a embocadura de canais que supostamente tenham sido naturalmente obliterados pelo processo dentinário reacional, principalmente se demais canais também apresentarem um certo grau de atresia durante o processo de cateterismo, podendo ocorrer perfurações radiculares. A endodontia através dos cimentos biocerânicos tem preservado o elemento dental, restabelecendo sua saúde e função. Descrição de caso clinico: Paciente MSDAGS, de 63 anos, saudável, sem doenças sistêmicas, compareceu ao consultório odontológico, com queixa de dor intermitente no elemento 26. Ao exame clínico observou-se extensa restauração classe II em amálgama. Foram realizados testes de sensibilidade pulpar, onde o elemento dental apresentou dor aguda a percussão vertical, horizontal e ao teste térmico de frio, sugestivo de dente com pulpite sintomática. Também foi realizado a inspeção minuciosa da restauração, onde observou-se leve espessamento entre o dente e o amálgama sugerindo possível infiltração. Ao exame de sondagem periodontal o elemento em questão apresentou gengiva hígida, descartando a possibilidade de possível fratura vertical ou possíveis doenças periodontais. Como exame complementar foi realizado radiografia periapical, onde concluímos que o dente em questão teria indicação para endodontia. A paciente ciente da condição clínica concordou em realizarmos o tratamento.  Desta forma, iniciou-se o tratamento na mesma consulta,  sendo realizado anestesia local com a técnica de bloqueio do nervo alveolar superior posterior e anestesia papilar, a fim de promover mais conforto ao paciente durante o tratamento,  para adaptação de um grampo para isolamento absoluto.  Posteriormente foi realizado a cirurgia de acesso coronário removendo todo amálgama, deixando apenas parte da parede distal. Foi utilizado broca de haste longa do tipo 1014. Remoção e alisamento de paredes e ângulos com broca do tipo endo-z. Em seguida realizou-se o isolamento absoluto com grampo sem asa do tipo 26. O elemento devidamente isolado e pronto para continuar o tratamento seguimos com a sonda de ponta reta, onde foi realizado a inspeção criteriosa da entrada dos canais para identificar as suas respectivas embocaduras. Os canais palatino, disto vestibular e mésio vestibular foram localizados a princípio e uma pequena fissura na região entre o canal mésio vestibular e palatino foi encontrada, sugerindo ser o canal mésio vestibular 2. Após conclusão dessa etapa de localização dos canais, foi realizado irrigação abundante da câmara pulpar com seringa hipodérmica de 5 ml (ultradent), agulha com saída lateral (MKlife) inundando a câmara pulpar e embocadura dos canais com NaOCl 2,5% (Cloro Rio Rioquímica).  Posteriormente realizou-se o cateterismo a menos 5mm do comprimento aparente do dente com lima manual do tipo K #10 (Kendo) e #15 (Kendo). Passou-se então,  para etapa de pré-alargamento dos terços cervical e médio com lima rotatória do tipo Orifice shapper, sempre com irrigação abundante e aspiração entre cada troca de lima. Ao exame clínico pôde-se notar, que o canal mésio-vestibular (MV2) apresentou sangramento excessivo, não cessando com irrigação do mesmo com soro fisiológico e pó de hidróxido de cálcio.  Foi realizado o preenchimento dos canais com medicação intracanal com pasta de hidróxido de cálcio e realizar selamento provisório da câmara com resina do tipo flow. A paciente foi comunicada sobre a situação e a mesma concordou em realizar exame de tomografia computadorizada do tipo feixe cônico para podermos investigar o possível motivo do sangramento incessante. Em um segundo momento, com a tomografia computadorizada foi observado através da avaliação dos cortes tomográficos que a região onde supostamente estaria o canal mésio vestibular 2 apresentava um desvio, provavelmente causado durante a instrumentação inicial.  Uma vez descoberta a causa do sangramento, partimos para o processo reparatório. Foi realizada a instrumentação dos demais canais com lima reciprocante do tipo 25.06 #25mm e refinamento apical com lima reciprocante 35.04 #25mm, sempre com irrigação e aspiração abundante a cada troca de lima.  Após a instrumentação foi realizado o protocolo de agitação (PUI) da solução irrigante (NaOCl) e quelante (EDTA) com contra ângulo e lima plástica easy clean (easy), secagem dos canais com sugador endodôntico (ssplus) e cones de papel absorvente. Partimos para obturação dos canais utilizando cimento endodôntico do tipo resinoso e técnica do cone único FM calibrado em #35 (ODOUS). Canais devidamente obturados, partimos para o vedamento do desvio. Foi realizado lavagem e irrigação abundante com água de cal, enquanto o cimento biocerâmico reparador era manipulado. Após manipulado o mesmo foi inserido e acomodado no desvio com calcador vertical e sua embocadura selada com ionômero de vidro e resina do tipo flow. O preenchimento da câmara pulpar com esponja estéril e selamento com resina do tipo flow. Foi realizado a radiografia periapical final onde os canais se apresentaram devidamente instrumentados, obturados e selamento de perfuração radicular. Resultado: Paciente totalmente assintomática, dente com ausência de lesão periapical com prognóstico positivo e encaminhada para reabilitação protética.  Caso finalizado no dia 25/06/2024, paciente esclarecida sobre todo o processo e determinada a retornar a cada 6 meses para avaliações de rotina e proservação do reparo.  Considerações finais: O uso de biocerâmicos representa um avanço significativo na odontologia, oferecendo soluções eficazes e seguras para o tratamento de perfurações radiculares devido excelente biocompatibilidade, propriedades antimicrobianas, promoção da regeneração tecidual.

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Publicado

2024-12-12

Como Citar

Kansaon Tarabai, M., Alves, V., de Sá Azevedo, C. G., de Faria Amormino Carvalho, S. A., Duarte, G., & Hecksher de Andrade, F. (2024). Uso de cimento biocerâmico para tratamento de perfuração radicular: relato de caso. REVISTA DO CROMG, 23(Supl.1). https://doi.org/10.61217/rcromg.v23.664