Proporcionando um atendimento odontológico inclusivo através da capacitação em LIBRAS da comunidade acadêmica

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DOI:

https://doi.org/10.61217/rcromg.v22.441

Palavras-chave:

língua de sinais, inclusão social, pessoas com deficiência auditiva, capacitação profissional, odontologia

Resumo

Introdução: A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) se constitui como a principal forma de comunicação das pessoas surdas no Brasil. Essa língua se configura de modo gesto-visual, onde um conjunto de gestos, expressões faciais e corporais são utilizados para manter a comunicação entre duas ou mais pessoas. Para que essa língua seja difundida é de suma importância que haja uma capacitação em LIBRAS, proporcionando assim uma maior acessibilidade da comunidade surda nas diversas esferas sociais, inclusive em serviços de saúde, como no atendimento clínico odontológico. Utilizar a LIBRAS durante o atendimento clínico odontológico pode facilitar a comunicação, além de promover a integração e a inclusão de fato das pessoas surdas na atenção odontológica em seus diversos níveis. Esse tipo de ação vai de encontro com o que é determinado pela Lei 10.436/02 e seu Decreto de regulamento 5.626/05 atendendo as orientações que tratada difusão da LIBRAS. A capacitação profissional em LIBRAS é um produto educacional para auxiliar os profissionais a conseguirem se comunicar com a pessoa surda, de uma maneira efetiva, humanizada e inclusiva, dentro de sua primeira língua. É extremamente necessário que ocorra essa capacitação ainda na graduação, assim todos os profissionais conseguirão realizar um atendimento clínico inclusivo, efetivo e de qualidade dentro das necessidades do paciente surdo, quebrando todas as barreiras no processo de comunicação entre profissional e paciente. Pensando na premissa da inclusão e na relevância formativa de uma capacitação na língua oficial da comunidade surda no Brasil a Liga Acadêmica de Pacientes com Deficiência na Odontologia (LAPDO) da Faculdade Arnaldo Janssen criou um curso de capacitação “LIBRAS no atendimento clínico odontológico”, com o intuito de promover uma discussão mais profunda e humanizada, trazendo conforto, segurança e qualidade ao atendimento odontológico das pessoas com deficiência auditiva. Objetivo: O objetivo desse trabalho é relatar a condução de um curso de capacitação em LIBRAS para profissionais e estudantes da Odontologia bem como descrever o impacto desse curso no atendimento clínico de pessoas surdas atendidas na Faculdade Arnaldo Janssen. Atividades Desenvolvidas: O curso foi desenvolvido pela LAPDO de forma que todos os ligantes e diretoria da referida liga pudessem participar dessa capacitação. Além disso foi aberto um processo seletivo para toda a comunidade acadêmica da instituição de ensino onde os interessados poderiam pleitear uma vaga no curso. Foram ofertadas 20 vagas para a capacitação. O curso foi ofertado no formato híbrido, com encontros semanais remotos síncronos além de atividades assíncronas para fixação do conteúdo. Os encontros presenciais disseram respeito ao atendimento clínico de pessoas surdas, onde foi realizada triagem e o atendimento inicial de um grupo de pacientes com deficiência auditiva. A carga horária total foi de 40 horas. Além de uma abordagem mais geral sobre a comunicação em LIBRAS foi abordado também no curso conteúdos como sinais da área da saúde, como atender um paciente surdo dentre outros assuntos pertinentes ao atendimento clínico odontológico dessa população. A certificação dessa capacitação foi feita dada pela LAPDO em parceria com a Faculdade Arnaldo Janssen. Todo o curso foi ministrado pelo discente presidente da LAPDO, que é Técnico em tradução e interpretação de LIBRAS e atua como intérprete na Associação dos Surdos de Minas Gerais e na Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte.  Resultados: Todas as 20 vagas ofertadas no edital de abertura do curso foram preenchidas. No que diz respeito à capacitação teórico/prática do curso, os alunos relataram de forma unânime que conseguiram desenvolver o básico da comunicação da LIBRAS. Além disso, a maior parte dos alunos reportaram se sentir preparados para estabelecer uma comunicação mais certeira com pessoas surdas. Como parte do curso os alunos realizaram atendimentos clínicos utilizando a LIBRAS como a primeira língua. Foi conduzida a triagem do paciente, seguido da anamnese e alguns tratamentos. Todos sob supervisão do professor responsável pelo curso e pelo professor responsável por orientar as atividades da LAPDO.  Ao serem atendidas com a LIBRAS como a primeira língua, pessoas surdas relataram que nunca haviam sido atendidas de forma tão inclusiva e se mostraram gratas por essa inclusão e integração. Muito disso se deu por uma história pregressa repleta de insucessos no atendimento clínico, onde algumas pessoas relataram que o processo de comunicação não aconteceu e que as adaptações realizadas pelos profissionais, como a mímica, escrita e oralismo os afastava e impedia de continuarem com o seu tratamento. Após esses atendimentos a procura de pessoas surdas pelo atendimento inclusivo utilizando a LIBRAS aumentou de forma exponencial. Além disso, a LAPDO foi parabenizada através de ofício pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos pela condução do projeto e pelo impacto social positivo causado por ele. Considerações Finais: Além de desenvolver as habilidades básicas a respeito da LIBRAS, foi possível perceber o impacto positivo da realização do curso tanto nos profissionais que participaram da formação, mas principalmente na comunidade surda atendida pela Faculdade Arnaldo Janssen. Essa capacitação foi realizada com o objetivo de humanizar e tornar mais inclusiva o acesso de pessoas surdas ao tratamento odontológico. A atenção à saúde, independente de qual seja o nível nunca deve ser excludente, e esse curso luta para tornar o atendimento odontológico com a LIBRAS possível para pacientes e para profissionais.

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Publicado

2024-01-25

Como Citar

Rosa, P. R. V. F., & Lopes-Silva, J. (2024). Proporcionando um atendimento odontológico inclusivo através da capacitação em LIBRAS da comunidade acadêmica. REVISTA DO CROMG, 22(Supl.3). https://doi.org/10.61217/rcromg.v22.441