A ocorrência incomum de carcinoma de células escamosas adjacente a implante dentário
relato de caso clínico
DOI:
https://doi.org/10.61217/rcromg.v22.548Palavras-chave:
carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço, neoplasias, neoplasias bucaisResumo
Introdução: Dentre os tumores de cabeça e pescoço, o carcinoma espinocelular oral (CEC) é a patologia maligna mais comum. Esse câncer acomete principalmente homens que possuem mais de 50 anos, tabagistas e alcoólatras. Quanto à localização do CEC oral, a língua é região que apresenta maior recorrência. Além disso, há uma predileção significativa pelo assoalho de boca, lábio e área retromolar. A predisposição genética e hábitos prejudiciais aumentam o risco de câncer bucal, junto com outros fatores como exposição ao sol, HPV, dieta inadequada, imunossupressão, má higiene oral e inflamação crônica. O contato com materiais dentários metálicos, como em implantes dentários, também são estudados quanto ao seu potencial mutagênico pela liberação de íons na cavidade oral. Além das características clínicas clássicas, O CEC pode se manifestar como eritema e/ou ulceração dos tecidos moles que se assemelham a peri-implantite (PI) ou mucosite peri-implantar (PMI), hipertrofia e alterações hiperplásicas granulares. Sabe- se que a maioria dos cânceres orais têm suas manifestações iniciais de forma assintomática e muitos indivíduos não possuem o hábito de realizar o exame odontológico preventivo. Por isso, na maioria dos casos, o diagnóstico se dá quando a doença já se encontra em um estágio avançado. Nesse âmbito, o objetivo do presente estudo é apresentar um caso clínico de ocorrência incomum de carcinoma de células escamosas adjacente a implante dentário. Descrição do caso: Paciente sexo feminino, 53 anos de idade, leucoderma, foi encaminhada para Clínica de Estomatologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri para avaliação de lesão em mucosa vestibular esquerda (gengiva), na região dos dentes 35 e 36, onde havia dois implantes dentários instalados com evolução de três meses. Durante a anamnese, ao questionar sobre o histórico familiar, foi constatado uma condição de hipertiroidismo controlado e, no exame extraoral, não foram detectadas alterações que fugissem da normalidade. Já no exame intraoral, foi identificada uma lesão ulcerada e dolorosa à palpação, além da presença de estrias e manchas brancas bilaterais em mucosa jugal. A principal hipótese diagnóstica foi de peri-implantite. Diante isso, foi prescrito bochecho de Elixir de Betametasona e solicitação para que as coroas dos implantes fossem removidas. Após sete dias, houve uma melhora notável. No entanto, após 30 dias, a lesão ainda estava presente com queixa de ardência na área afetada e presença de candidíase. Além disso, foi identificado que o linfonodo submandibular estava dolorido à palpação. Diante disso, foi planejada a realização da biópsia excisional na região e solicitado exames complementares (TSH: 14,01 microUI/ml). Resultados: A análise histopatológica realizada após a biópsia excisional foi compatível com carcinoma espinocelular. O exame microscópico revelou neoplasia maligna oriunda das células da camada escamosa do epitélio de revestimento da mucosa oral, cujas células proliferam e invadem os tecidos adjacentes. Na superfície haviam pérolas córneas e nos planos teciduais mais profundos foram identificados pequenos ninhos neoplásicos sem ceratinização. As células neoplásicas exibem o pleomorfismo celular e nuclear. O estroma de tecido conjuntivo fibroso se mostrava permeado por infiltrado inflamatório crônico mononuclear. A paciente foi encaminhada para tratamento oncológico e está em proservação sem sinais de recidivas. Considerações finais: O presente caso mostra um CEC em localização incomum em gengiva próximo a implantes dentários salientando que o câncer pode mimetizar uma lesão traumática e/ou inflamatória. O monitoramento e a realização da biópsia para a definição do diagnóstico de lesões orais malignas mesmo em locais com menor prevalência são imprescindíveis.
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