Radix entomolaris em segundo molar inferior

relato de caso

Resumo

Introdução:  A endodontia é uma especialidade da odontologia que visa limpar os canais radiculares, removendo remanescentes pulpares e microrganismos, e consequentemente selar a cavidade pulpar para promover o reparo dos tecidos periapicais. Contudo, a complexidade anatômica dos canais radiculares é desafiadora para os endodontistas. O sistema de canais radiculares pode apresentar variações anatômicas significativas que exigem um planejamento mais minucioso. Uma dessas variações é a presença de uma raiz extranumerária, conhecida como radix, que pode ocorrer em molares inferiores.  Esta variação anatômica apresenta dois tipos principais: radix entomolaris (RE), localizada distolingualmente, e radix paramolaris (RP), localizada mesiovestibularmente. Embora a presença de radix entomolaris seja relativamente comum em primeiros molares inferiores de alguns grupos étnicos, é uma ocorrência rara em segundos molares inferiores. Este fato aumenta a complexidade do tratamento endodôntico exigindo uma abordagem ainda mais minuciosa por parte do profissional. Os avanços tecnológicos na endodontia têm aumentado a taxa de sucesso no tratamento desses dentes com anatomia mais complexa. É essencial realizar uma análise cuidadosa de radiografias convencionais ou digitais e um exame clínico detalhado para o diagnóstico preciso dessas variações. A tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) é um método eficaz para identificar essas variações anatômicas, apesar de não ser sempre a primeira escolha na prática clínica devido ao seu custo e disponibilidade. Objetivo: Relatar um caso clinico de radix entomolaris em um segundo molar inferior. Descrição de caso: Este relato de caso aborda um retratamento endodôntico envolvendo a presença de radix entomolaris (RE) em um segundo molar inferior, realizado no curso de Pós Graduação em Endodontia localizada na Instituição de Estudos da Saúde e Gestão Sérgio Feitosa (Belo- Horizonte/MG). Para o diagnóstico, foi realizada uma tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), que revelou a presença de uma raiz supranumerária não tratada no segundo molar inferior (47). Durante o atendimento inicial, após a anamnese e exame clínico, foi realizada a abertura coronária e a remoção do material obturador utilizando limas de retratamento Easy Bassi. A raiz extra foi localizada e instrumentada com lima rotatória Logic 2 25/05 (Easy Bassi) e com o auxílio de uma lupa de aumento de 3,5x. Após a instrumentação e medicação intracanal com Ultracal (Ultradent) por 30 dias, na sessão seguinte, os canais foram obturados com cimento de óxido de zinco eugenol (Endofill-Dentsply), utilizando a técnica do cone único para a raiz supranumerária e a técnica híbrida de Tagger para os demais canais. O procedimento foi realizado com extremo cuidado para garantir a completa limpeza e selamento dos canais radiculares. Resultados: O conhecimento das variações anatômicas é crucial para o sucesso endodôntico, portanto, a presença de uma terceira raiz em molares inferiores pode resultar em insucesso do tratamento inicial devido à dificuldade de visualização e instrumentação. A TCFC é fundamental para um diagnóstico preciso e minimização dos riscos durante o retratamento. Este caso evidencia a importância da TCFC na identificação de variações anatômicas complexas, como o radix entomolaris. Além disso, o uso de técnicas e instrumentos avançados permite um retratamento eficaz, aumentando as chances de sucesso clínico e preservação do dente. Conclusão: A presença de radix entomolaris em segundos molares inferiores é rara, o que torna o diagnóstico e o tratamento mais desafiadores. A literatura sugere que mais de 90% dos segundos molares inferiores possuem duas raízes e três canais, destacando ainda mais a raridade do radix entomolaris. Portanto, a precisão diagnóstica e o conhecimento anatômico foram essenciais para o sucesso endodôntico neste caso específico. A identificação precoce de variações como o radix entomolaris, através de métodos diagnósticos avançados como a TCFC, pode evitar falhas no tratamento inicial e garantir um melhor prognóstico para o paciente. Este caso exemplifica a importância da atualização constante dos profissionais de endodontia, frente às variações anatômicas e avanços tecnológicos na área.