Tratamento cirúrgico de fratura blow-out em paciente pediátrico
relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.61217/rcromg.v23.634Palavras-chave:
traumatologia, fraturas orbitárias, fratura blow-outResumo
Introdução: Dentre as fraturas que acometem a órbita, as fraturas blow-out são aquelas nas quais fragmentos ósseos adentram o seio maxilar, sendo que nas classificadas como trapdoor, o fragmento retorna para sua posição habitual, herniando conteúdo para dentro do seio maxilar, acometendo mais os pacientes pediátricos. As fraturas blow-out do tipo trapdoor são mais comuns em crianças, uma vez que os ossos desses pacientes são mais flexíveis e, portanto, quando fraturam tendem a voltar ao lugar de origem, resultando em fraturas lineares com consequente aprisionamento de tecido mole e do músculo reto inferior. Descrição do Caso: O paciente pediátrico do sexo masculino com 4 anos de idade e história de colisão frontal contra outra criança. Foi admitido pelo serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital João XXIII, localizado em Belo Horizonte (Minas Gerais), orientado, eupneico e deambulando. Ao exame clínico constatou-se limitação de mirada superior, ou seja, limitação do movimento de supradução, náuseas e dor na região acometida pelo trauma. A tomografia computadorizada (TC) realizada no hospital revelou fratura do assoalho orbitário, blow-out do tipo trapdoor na órbita direita. O paciente foi abordado cirurgicamente após 36 horas de trauma pela equipe de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Durante a cirurgia foi realizado o acesso subpalpebral para expor a fratura sendo que o músculo reto inferior, que estava aprisionado, foi retirado da linha de fratura, a qual foi reduzida e fixada com uma tela de titânio do sistema 1.5, colocada em bordo inferior, para fornecer sustentação ao globo ocular e atuar como barreira para impedir a herniação do conteúdo intra-orbitário para o seio maxilar. Em seguida, foi realizada sutura intradérmica sendo que ao final do procedimento cirúrgico foi feito o teste de motilidade ocular forçada (teste de ducção forçada) que constatou o retorno motilidade ocular do olho direito e o sucesso do tratamento cirúrgico proposto pela equipe de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital. Resultados: No pós-operatório imediato, a criança apresentava movimentos oculares preservados, ótima acuidade visual, bem como edema compatível com a cirurgia e bom estado geral de saúde. É essencial observar que a literatura cita que o blefarohematoma e o blefaroedema são pouco frequentes em pacientes pediátricos, deste modo, a ausência desses fatores não é suficiente para descartar a hipótese diagnóstica de fratura trapdoor em crianças. Em contrapartida, alguns sintomas são relevantes e podem ser causados pela fratura trapdoor em crianças, tais como os vômitos, a síncope, a perda de motilidade ocular permanente, a diplopia severa e até mesmo a necrose dos tecidos. É importante ressaltar que, em alguns casos, o aprisionamento muscular pode não ser visto na tomografia computadorizada, sendo fundamental a realização do exame clínico e a observação das queixas do paciente para que o correto diagnóstico seja alcançado pelo profissional. Conclusão: Esse relato de caso clínico tem como objetivo demonstrar que a anamnese, o exame clínico e a tomografia computadorizada são essenciais para o correto diagnóstico e melhor prognóstico do paciente pediátrico acometido pela fratura blow-out do tipo trapdoor. Os estudos deste relato de caso comprovam que a intervenção cirúrgica imediata é essencial para alcançar resultados pós-operatórios satisfatórios que assegurem saúde e qualidade de vida às crianças acometidas por esse tipo de fratura.
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