Mantenedor estético-funcional para perda precoce de dentes decíduos pós-trauma

relato de caso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61217/rcromg.v23.641

Palavras-chave:

mantenedor de espaço, dente decíduo, traumatismo dentário

Resumo

Introdução: As lesões traumáticas dento-alveolares na dentição decídua são agudas e de natureza múltipla. São muito comuns durante a infância em virtude de hábitos recorrentes como correr, brincar e pular, os quais podem gerar quedas acidentais, que resultam na ocorrência destas lesões. As lesões decorrentes de traumatismos dentários são divididas em: lesões de tecido duro e lesões de tecido mole. Cada classificação apresenta características, prognósticos e tratamentos distintos, que vão desde a proservação até à perda do elemento dentário. Quando ocorre a perda precoce do dente decíduo (antes da época de sua esfoliação fisiológica associada à erupção do dente permanente sucessor), uma alternativa de tratamento é a colocação de um mantenedor estético e funcional fixo. Nos casos de perda precoce de dentes decíduos, a reabilitação é importante para restaurar a estética, a fonação e a deglutição, além de prevenir o desenvolvimento do hábito de interposição da língua no espaço edêntulo. Este relato de caso apresentou uma alternativa de baixo custo, fácil confecção e instalação, para a reabilitação de paciente na primeira infância e com comportamento não colaborador. Descrição do caso: O paciente L.F., três anos de idade, sexo masculino, compareceu à Clínica Integrada Infantil II, no turno noturno do curso de Odontologia da Faculdade Arnaldo, acompanhado de sua mãe. Durante a anamnese, a mãe relatou a perda do elemento dentário 51 como queixa principal. De acordo com ela, o paciente escorregou no piso molhado quando tinha um ano e meio de idade e fraturou o dente ao meio, caracterizando-se um provável diagnóstico de fratura coronorradicular, uma lesão de tecido duro, definida como a perda de continuidade ou ruptura de estrutura dentária envolvendo esmalte, dentina e cemento, com ou sem exposição pulpar. A responsável relatou tê-lo levado ao cirurgião dentista em sua cidade, no interior de Minas Gerais, logo após a queda, tendo sido realizada a exodontia do remanescente dentário. Resultados: A abordagem clínica para a reabilitação do paciente foi a colocação de um mantenedor de espaço com finalidade estética e funcional fixo pois, a perda de um elemento dentário e o espaço decorrente dessa perda, pode gerar desordens oclusais, problemas fonéticos, alterações funcionais mastigatórias, desenvolvimento de hábito de interposição lingual, problemas de autoestima relacionados ao contrangimento social por parte da criança e da família. Numa segunda consulta do paciente, foi realizada a prova dos anéis ortodônticos adaptados nos segundos molares decíduos da arcada superior (dentes 55 e 65), sendo escolhidos os anéis pré fabricados que melhor se adaptaram aos dentes. A moldagem foi realizada com alginato (Hydrogum®), com os anéis em posição e o vazamento subsequente com gesso pedra tipo III, de forma que o modelo com as bandas ortodônticas incluídas fosse enviado para o laboratório de prótese ortodôntica. Foi confeccionada uma barra palatina soldada aos anéis e uma dobra para retenção de um dente de acrílico na região do dente 51. Após a entrega pelo laboratório, o mantenedor de espaço estético-funcional foi cimentado nos dentes 55 e 65 com cimento ionômero de vidro (Vidrion C®). Após a cimentação, considerando a dificuldade em manter o local da cimentação com isolamento relativo contra a umidade e o paciente com comportamento cooperador, foi observada, pelas alunas e pelos professores orientadores, uma inadequação da cor do elemento “protético”. O problema foi exposto à mãe do paciente que, prontamente agendou um retorno para uma quarta consulta. Foi feito um leve desgaste na superfície vestibular do elemento 51 “protético”, com ponta diamantada 2200, e colocada uma camada de resina composta da cor B1, em incrementos fotopolimerizados, para harmonizar a cor com a dos dentes vizinhos. Seguiram-se os passos convencionais de reparos em resina composta: sistema adesivo convencional de dois passos (ácido fosfórico 37% e primer + adesivo). Conclusão: O mantenedor estético-funcional fixo é uma ótima opção para o tratamento de pacientes que perderam precocemente o elemento dentário anterior após traumatismos, na medida em que se encaixa muito bem ao principal pilar dos tratamentos odontopediátricos: restituir a função a estética e a qualidade de vida.

Biografia do Autor

Daniel Henrique da Silva Guimarães, Faculdade Arnaldo

Estudante de Odontologia da Faculdade Arnaldo Janssen.

Silvia Villalba Costa Villalba Costa, Faculdade Arnaldo

Estudante de Odontologia da Faculdade Arnaldo Janssen.

Aline Freitas Vasconcelos, Faculdade Arnaldo

Estudante de Odontologia da Faculdade Arnaldo Janssen.

Ana Clara de Oliveira Maia, Faculdade Arnaldo

Estudante de Odontologia da Faculdade Arnaldo Janssen.

Suzane Paixão Gonçalves, Faculdade Arnaldo

Doutora pelo do programa de Pós- Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na área de concentração de Odontopediatria e Mestre pelo do programa de Pós- Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na área de concentração de Odontopediatria. Especialista em Odontopediatria pela PUC MINAS. Aperfeiçoamento em Ortodontia Preventiva I e II pela PROFIS- BAURU-USP. Especialização em Ortodontia em andamento. Tem experiência clínica e docente na área de Odontologia, com ênfase em Odontopediatria e Ortodontia Preventiva. Atua como pesquisadora nos seguintes temas: Odontopediatria, Saúde Coletiva, Epidemiologia, Estudos de Coorte, Defeitos de Desenvolvimento do Esmalte e Cárie dentária. Professora universitária de Odontopediatria, Saúde Coletiva e Clínica Integrada.Coordenadora do Projeto de Extensão Sorriso Quilombola.Vice presidente da ABOPED-MG entre 2019 a 2021.

Rodrigo Norremose Costa, Faculdade Arnaldo

Atualmente é professor de Odontologia/Ortodontia no curso de graduação em Odontologia da Faculdade Arnaldo Janssen. Possui mestrado em Odontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007), especialização em "Educação Contemporânea e Docência" pela Faculdade Arnaldo Janssen (2023), especialização em Gestão de Saúde pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2004), especialização em Ortodontia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1996), graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1986). Tem experiência na área de Odontologia, com ênfase em Ortodontia Preventiva e Interceptativa, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, prevenção, má oclusão, saúde bucal e etiologia.

Patricia Alves Drummond de Oliveira, Faculdade Arnaldo

Possui graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997). É especialista em Odontopediatria pela PUC-MG (2006). Mestre em Odontologia - Área de concentração Odontopediatria na UFMG (2011). Doutora em Odontologia pela UFMG (2015). Coordenou a área de concentração de Odontopediatria na Associação Brasileira de Odontologia em Minas Gerais de dezembro de 2013 a dezembro de 2014. Coordenou do Curso de Odontologia da FEAD (2017-2019). Presidente da Associação Brasileira de Odontopediatria, regional Minas Gerais (2018/2019). Professora titular do curso de Odontologia da Faculdade Arnaldo (2019 até o presente). Professora titular do curso de Gestão Hospitalar da Faculdade Arnaldo (2021 até o presente). Professora nos cursos de especialização em Prótese e Implantodontia da Faculdade Arnaldo.

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Publicado

2024-12-12

Como Citar

da Silva Guimarães, D. H., Villalba Costa, S. V. C., Freitas Vasconcelos, A., de Oliveira Maia, A. C., Paixão Gonçalves, S., Norremose Costa, R., & Alves Drummond de Oliveira, P. (2024). Mantenedor estético-funcional para perda precoce de dentes decíduos pós-trauma: relato de caso. REVISTA DO CROMG, 23(Supl.1). https://doi.org/10.61217/rcromg.v23.641