Efeito das técnicas com sutura e sem sutura na da dor, edema, trismo e sangramento em exodontias de terceiros molares

revisão sistemática

Resumo

Introdução: Exodontias de terceiros molares são capazes de gerar desconforto ao paciente em seu pós-cirúrgico, devido à reação inflamatória provocada pelo dano tecidual local. São procedimentos que apresentam uma relevância notável em odontologia por se tratar de uma das cirurgias orais menores mais realizada em todo mundo. Apesar de fazer parte do cotidiano dos cirurgiões dentistas o processo inflamatório supracitado acarreta complicações como sangramento, dor, edema e trismo. Ensaios clínicos têm sido desenvolvidos em busca de novos métodos para a redução dessas complicações pós-operatórias e consequentemente a entrega de uma melhor qualidade de vida aos pacientes. A sutura é o procedimento de síntese que visa a cooptação imediata dos bordos da ferida em que o processo de cura ocorre por primeira intenção. O uso das suturas, em cirurgias de terceiros molares, tem sido pesquisado principalmente com relação ao tipo de material e técnica utilizada. Entretanto, com o baixo índice de sangramento pós-operatório e em contrapartida o aumento das complicações inflamatórias pós-operatórias com o fechamento primário através de suturas, levanta-se o questionamento da real necessidade e do benefício da utilização de sutura em cirurgias de terceiros molares. Objetivos: O presente estudo visa analisar os efeitos das técnicas com e sem sutura na análise da dor, edema, trismo e sangramento nas cirurgias de terceiros molares. Metodologia: A indagação norteadora desta revisão foi “A omissão das suturas em cirurgias de terceiros molares apresenta melhores resultados nas complicações pós-operatórias de sangramento, dor, edema e trismo se comparadas às cirurgias com realização de sutura?” A escolha dos estudos foi realizada por meio da estratégia PICOS (P) pacientes saudáveis com indicação para à remoção cirúrgica de terceiros molares (I) cirurgia com omissão da sutura; (C) cirurgia com realização de sutura; (O) complicações pós-operatórias de dor, edema e trismo; (S) ensaios clínicos randomizados. As características de exclusão de artigos foram estudos em que a condição inicial não fosse a exodontia de um terceiro molar, que não comparassem o uso com a omissão das suturas ou que não analisassem os efeitos sobre nenhum dos desfechos descritos. A pesquisa foi realizada nas bases de dados MEDLINE (PubMed), Embase e Cochrane Central Registry of Controlled Trials (CENTRAL) sem restrições de dados ou idiomas por meio dos descritores: “third molars,” “suture,” “no suture,” e “sutureless” combinados com os operadores booleanos OR e AND. A avaliação do risco de viés dos estudos foi realizada utilizando a ferramenta da Cochrane (RoB 2). O programa RevMan foi utilizado para as meta-análises e a avaliação da qualidade da evidência foi realizada utilizando o GRADE. Resultados: A busca resultou em 667 artigos, com a remoção de duplicatas obteve-se um total de 470 artigos, após o processo de triagem e emprego dos critérios de elegibilidade 7 artigos foram selecionados e incluídos nessa revisão. Um total de 396 pacientes realizaram as extrações de terceiros molares, resultando em 758 exodontias no estudo. Os pacientes tinham idades entre 14 e 52 anos, a maioria era do sexo feminino e realizaram extrações de terceiros molares mandibulares. A maioria dos estudos incluídos nessa revisão apresentaram algumas preocupações na análise do risco de viés para os desfechos analisados. O sangramento foi analisado de forma quantitativa apenas em um estudo ^e não gerou diferença significativa entre os grupos, em outro estudo foi observado a ocorrência de sangramento contínuo, que esteve presente em 4 dos 52 pacientes do grupo com omissão de sutura e em nenhum paciente do grupo que recebeu sutura, nos demais essa variável não foi analisada. Quanto à análise da dor, todos os estudos avaliaram esse parâmetro no primeiro, segundo, terceiro e sétimo dia de pós-operatório, sendo que no primeiro e segundo dia a dor pós-operatória foi menor no grupo que não recebeu sutura e nos demais dias não apresentou diferenças significativas, dentre esses estudos apenas quatro forneceram dados com o risco de viés reduzido. O edema também foi avaliado nos 7 estudos, mas só apresentou qualidade metodológica em três deles, nos quais se observou menos edema no primeiro e segundo dia no grupo não suturado e não houve alterações relevantes no terceiro e sétimo dia. Já o trismo foi examinado em cinco dos sete estudos demonstrando que os pacientes que receberam a sutura apresentaram uma pior abertura de boca no primeiro dia de pós-operatório e sem nenhuma evidência nos demais dias, desses cinco quatro apresentaram cuidados relacionados a viés. Conclusão: A omissão das suturas em procedimentos de exodontias de terceiros molares apresentou evidências na diminuição da dor pós-operatória, edema e trismo em seus primeiros diascom baixa certeza de evidência. Apesar da quantidade reduzida de estudos analisados e alta heterogeneidade a presente revisão atrai interesse quanto ao questionamento de técnicas bem estabelecidas e a possibilidade de mudança.