Levantamento epidemiológico, clínico e odontológico dos idosos hospitalizados na Clínica Médica da Santa Casa de Caridade de Diamantina-MG

Resumo

Introdução: O envelhecimento da população mundial é um cenário sociodemográfico, especialmente em países em desenvolvimento. Dados do Ministério da Saúde (2019) estimam que no Brasil, a população com 60 anos ou mais seja de 30 milhões de pessoas, representando cerca de 14% da população geral (210 milhões habitantes). O processo de envelhecimento além de impactos epidemiológicos, gera também impactos sociais e econômicos, destacando-se a necessidade de internação hospitalar. Os pacientes hospitalizados podem apresentar alterações significativas na saúde bucal, e estas por sua vez podem interferir nas condições sistêmicas, contribuindo para o aumento do tempo e custo do tratamento hospitalar.  Esse trabalho teve como objetivo realizar um levantamento epidemiológico e odontológico de pacientes acima de 60 anos internados na Clínica Médica da Santa Casa de Caridade de Diamantina (SCCD), para caracterizar a população idosa que usufrui do serviço. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional retrospectivo, realizado a partir da avaliação dos prontuários dos pacientes idosos internados na Clínica Médica da SCCD no período de março de 2022 a outubro de 2022. Os dados foram obtidos a partir da análise dos prontuários dos idosos que estiveram internados na Clínica Médica no período da pesquisa, e foram submetidos à avaliação odontológica. Foram coletados dos prontuários selecionados os dados referentes à idade, sexo, cidade de residência do idoso, hábitos (etilismo e tabagismo) e comorbidades prévias. Para a avaliação odontológica, foram coletadas as seguintes variáveis: perfil odontológico, presença de lesões, uso de próteses dentárias e condição da higiene bucal. Foi realizada análise estatística descritiva para caracterização da amostra usando o Statistical Package for Social Science for Windows 20 (SPSS). O teste chi-quadrado de Pearson foi utilizado a fim de verificar a associação da presença das lesões orais às variáveis de interesse. Os dados foram tabulados e analisados utilizando e os valores de p<0.05 foram considerados com significância estatística. Resultados : O presente estudo contou com a participação de 363 pacientes idosos hospitalizados. A média de idade foi de 76,38 anos e eram em sua maioria do sexo masculino (52,1%). Dentre Doenças Crônicas Não Transmíssiveis (DCNT) mais prevalentes nos idosos hospitalizados, observou-se: Hipertensão Arterial Sistólica (HAS) com 60%, Diabetes Mellitus (DM) com 23% e Doença Pulmonar Crônica Obstrutiva (DPOC) com 23%. Notou-se uma condição de higiene bucal satisfatória em 188 (52%) e insatisfatória em 175 (48%) idosos. 259 idosos eram totalmente edêntulos. 308 (84,8%) edêntulos superior, 53 (14,6 %) dentados parcial superior, 2 (0,6%) dentados totais superior, 273 (75,2%) edêntulos inferior, 89 (24,5%) dentados parcial inferior e 1 (0,3 %) dentado total inferior. A presença de lesões orais constatadas durante avaliação clínica foi relacionada à presença de hábitos de higiene, tabagismo, etilismo e uso de próteses dentárias. O uso de prótese total superior teve associação estatística à presença de lesões orais como candidíase, úlcera traumática herpes zoster, hiperplasia fibrosa e gengivite necrosante (p=0,001). Conclusão: Os resultados mostraram o quanto há necessidade de intervenções voltadas a melhoria da saúde oral em idosos hospitalizados. Além disso, este estudo demonstrou a necessidade e importância da inserção de profissionais Cirurgiões Dentistas nas equipes multiprofissionais de assistência a pacientes hospitalizados.